segunda-feira, 10 de outubro de 2022

Anotações desconexas (2018)

Estamos sendo perseguidos por algo que não sabemos o que é. Precisamos chegar em casa, antes que nos alcance.


-Um peixe.
-É.
-Deixa eu ver se eu entendi direito - - Você foi dar um mijão, e tinha uma peixe na sua privada?


Mas antes, o cenário. A Terra, o Homem, a Luta. Começando pela terra então. Topografia, vegetação, essas coisas. As raízes revolveram o concreto e o asfalto, onde tinham árvores dos dois lados da calçada agora não passam mais carros, e nos matagais das praças dos bairros não passam pessoas (mas tudo bem, porque não tem mais pessoas nem carros). Vivemos um horário de verão extra-oficial pra aproveitar a luz do dia.

Começou ali, no riacho.


Um dia a barca quebrou no meio da represa. Mas ninguém protestou nem nada. Ela continua lá.
No Seleta tem uma ou outra fazenda bem grandinha.



-A rua da minha casa era um Rio?

-Era não. É.

-Deixa eu ver essa porra.

Ribeirão dos Couros. Corre por toda a Kennedy, depois do cruzamento com a Piraporinha, ele faz as divisas de SBC, SP, e Diadema, depois passa pelo Jorda, a Paulicéia, Taboão... caraca, até onde era a casa da minha vó. E desagua no Ribeirão dos Meninos, que é da onde veio o Rudge, e lá faz a divisa entre SP, SBC e São Caetano.

-É ele que provoca enchentes nas pistas da Anchieta, e na fábrica da Mercedes.

-E no Silvina também, Almir.
-Jurubatuba, Faria Lima, o Paço, tudo...


-Será?


-Não tem mais fábrica. Casa. Ninguém.

-Desde quando eles tem jogado essa porra no esgoto?
-
-Que nem no Batman Begins.
-Exatamente como no Batman Begins.


-Quando alagar, detonamos as galerias.
-Ta... como em Batman Dark Knight Rises?
-Ok, certo, eu sei o que isso parece, mas realmente é só uma grande coincidência.


O Caboclo dormiu por dezoito anos. Quando for a hora ele vai acordar.

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